CONSTRUÇÃO DE UM TELESCÓPIO - PÁGINA 2

 

A espessura de cada conjunto pode ser de 36 mm (ou seja, fabricados com chapas de 18 mm. Os discos são recortados com a serra tico-tico e fixa-se o maior sobre o menor com parafusos com cabeça chata e porca.

Aspecto do disco lateral de suporte

Em seguida recortam-se as 2 laterais mais altas, conforme o esquema a seguir:

O Passo seguinte (que exige muita paciência) é a adaptação dos discos laterais de suporte nos semicírculos do topo das laterais mais altas. Isto é feito com grosas e lixas. Uma superfície deverá girar bem (mas firmemente sobre a outra). E haja lixa... E haja braço...

O passo seguinte é recortar dois quadrados como os esquematizados a seguir:

 

Estas duas peças serão fixadas: uma na parte frontal das laterais mais altas e a outra em baixo delas:

 

 

Note que uma peça está na frente e a outra por baixo. A Peça de baixo deverá possuir um furo central por onde passará o parafuso central de suporte que unirá os dois discos grandes aos suportes laterais mais altos.

 

Os discos grandes da base são presos ao quadrado inferior através de um parafuso grosso (uns 7 mm de diâmetro com porcas e arruelas:

 

Note que a porca de cima trava a porca de baixo, e que sob esta porca se encontra uma arruela.

O Próximo passo é se construir o conjunto de focalização do telescópio.

Recorte um quadrado de compensado de 18 mm. de espessura, medindo 60 mm x 60 mm. 

No centro deste quadrado, faça um furo de 40 mm.

Recorte um pedaço de cano de PVC marrom (para água) de 40 mm. de diâmetro, com 60 mm. de comprimento. Todos os pedaços de cano a serem usados a seguir devem ser pintados com tinta preta fosca em seu interior e da cor a ser escolhida na parte externa.

Cole no interior deste cano um pedaço de camurça ou flanela grossa, de modo a forrar completamente o interior do cano. Use cola branca (tipo Tenaz).

Cole o cano ao quadrado de madeira. O aspecto do conjunto, neste ponto deverá ser como o mostrado a seguir:

 

Pegue uma luva de PVC marrom (para água) de 32 mm. de diâmetro e recorte uma das pontas (um dos encaixes). Recorte também um pedaço de tubo de PVC marrom de 32 mm. de diâmetro por 10 cm. de comprimento. 

Obs.: Posteriormente percebi que caso se deseje usar um prisma (o que acaba sendo quase obrigatório - caso contrário se acaba com a coluna dorsal do pobre astrônomo) ou mesmo uma câmara fotográfica ou Web Cam, é necessário que este cano seja bem mais longo: uns 25 cm.

Encaixe a luva numa das extremidades do cano de 32 mm de diâmetro.

Como eu já possuía uma ocular de diâmetro menor, juntei, ainda, um redutor de PVC que tinha 32 mm. externos com redução para 30 m. Porém, mais tarde concluí que esta peça é inútil.

O conjunto focalizador desmontado apresenta a seguinte aparência:

Quando montado fica como nas fotografias a seguir: uma peça deve deslizar suavemente na outra.

 

 

MONTAGEM FINAL

Chegado o grande dia em que fui retirar o conjunto óptico (no meu caso levou 42 dias) - parecia que este dia não chegava... O Sebastião mora nas proximidades do Aeroporto de Congonhas. Fui lá (o que significou me perder durante uns longos 20 minutos pelo Brooklin). Ele me explicou como eu deveria proceder para a montagem dos espelhos. Nessa hora é preciso prestar muita atenção, pois as instruções são verbais. Mas acho que suas explicações foram suficientes.

O primeiro passo é observar que no verso do espelho primário existe uma etiqueta com dois números: um numero "d" e um número "f". Estes números deverão ser anotados num papel. A seguir deve-se encaixar o espelho primário (é o maior) pelo tubo supressor de luz (apenas para testar se os diâmetros combinam), mas SEM COLOCAR OS DEDOS NA PARTE METALIZADA. Caso isso ocorra e fique alguma mancha de gordura da pele, o Sebastião me explicou que pode-se "lavar" o espelho com um algodão com detergente e enxaguá-lo com algodão e água. A secagem deverá ser feita com lenços de papel, mas sem esfregar: apenas encostando e afastando o lenço do vidro.

A seguir, afasta-se o espelho da madeira e coloca-se cola de silicone preto (é o silicone para vedar janelas) sobre a cabeça dos parafusos, e na sua periferia (um diâmetro de uns 4 cm). Abaixa-se cuidadosamente o espelho e deixa-se secar por 24 horas. Nas extremidades dos 3 parafusos com molas, coloca-se 3 borboletas que servirão para regular a inclinação do espelho.

Encaixa-se o espelho principal (agora já colado em seu suporte) numa das extremidades do tubo do telescópio. Com um elástico fita crepe ou barbante amarra-se provisoriamente o buscador (mira) na sua futura posição. Faz-se o mesmo com o conjunto da aranha (espelho secundário), apoiando-a na parte externa do tubo.

Apoia-se o tubo sobre uma mesa, deixando entre o tubo e a mesa, um lápis em posição transversal ao tubo. Vai-se rolando o tubo sobre o lápis até que este fique equilibrado sobre o lápis. Este ponto será o centro de gravidade do telescópio. Com uma caneta hidrográfica faz-se uma marcação sobre o tubo, correspondente à linha do centro de gravidade. Mede-se a distância da borda do tubo ao centro de gravidade.

Recorta-se um pedaço de papel de embrulho para presentes de modo a envolver externamente o tubo todo. O papel deverá ter exatamente as medidas externas do tubo, ou seja, recobri-lo perfeitamente: sem excessos ou faltas.

Traça-se sobre o papel as seguintes linhas linhas:

uma dividindo o papel ao meio (no seu comprimento)

duas dividindo o papel em 3 partes (no seu comprimento)

uma com a espessura do conjunto de suporte do primário (com o espelho já colado) (na largura do papel) a partir da borda onde será fixado o primário

Outra paralela a esta última, distante o valor "d" que está anotado no outro papel menos 3 mm.

Marcam-se os seguintes pontos:

Bem na borda superior do papel, dois pontos correspondentes aos locais de fixação do buscador (Pontos A e B)

O Furo C deverá ser marcado bem na borda do papel. Junto com os furos D e E corresponderão aos 3 furos onde serão encaixadas as 3 pernas da aranha.

Os furos F e G (o G é bem na borda do papel) corresponderão aos furos para os discos de suporte.

A seguir "embrulha-se" o tubo com o papel, fixando-o com fita adesiva.

Fazem-se as furações sobre os pontos, tomando o cuidado de escolher as brocas correspondentes aos diâmetros dos parafusos que passarão por cada furo.

Limpa-se bem o interior do tubo com um pano úmido e limpo, e encaixa-se o espelho primário com seu suporte pela extremidade do tubo.

Colocam-se os dois discos de suporte do tubo em suas posições e prende-se com suas respectivas porcas (as porcas do lado de fora do tubo)

Colocam-se os parafusos de suporte do buscador e prende-se este em sua posição.

Fixa-se o suporte do primário em sua posição definitiva com 4 parafusos que atravessarão lateralmente o tubo, indo alojar-se no disco de madeira que ficou com uma de suas faces para fora.

Coloca-se o suporte da ocular bem alinhado com o suporte do primário e fixa-se com 3 ou 4 parafusos.

Encaixa-se a aranha por dentro do tubo e prende-se com as respectivas porcas (que serão colocadas na parte externa do tubo).

Pronto! O telescópio está montado!

O resultado final pode ser visto nas imagens abaixo:

Note que na extremidade do cano onde se encaixam as oculares, coloquei 3 parafusos com uma cabeça branca de plástico, que se destinam a manter a ocular presa ao cano. Estes parafusos se encontram a venda em lojas do tipo Madeiras Leo. São parafusos destinados à construção de móveis. Devem possuir uma cabeça grande para que se possa apertá-los com os dedos.

Falta apenas colimá-lo, ou seja, alinhar os espelhos.

Colimar o telescópio exige uma paciência de dentista oriental. No total trabalhei umas 10 horas para conseguir alinhar os benditos espelhos. Isto só se deveu à minha inexperiência. Após algum tempo, esta operação leva uns 20 minutos.

O Primeiro passo é deixar o telescópio sem a ocular. A seguir olha-se pelo orifício da ocular, notando que o espelho secundário está torto. Com muita paciência e movimentos pequenos e lentos, vão se apertando ou soltando os 3 parafusos da aranha, até que se perceba que esta está perfeitamente alinhada com o supressor de luz e perfeitamente centralizada.

Mirando-se o telescópio para uma região bem clara (que pode ser uma parede ou o próprio céu), com muita atenção, pode-se notar uma área circular mais brilhante. Esta deverá ser ocultada pela imagem do espelho secundário, apertando-se e soltando-se as 3 borboletas.

A seguir coloca-se a ocular e mira-se o telescópio (de dia) num ponto muito distante (eu usei as antenas de um prédio distante).

Provavelmente, neste ponto você não conseguirá ver nada. Então vá afastando a ocular, puxando o tubo dela. Se o tubo terminar, continue se afastando, com o tubo e a ocular na mão, mantendo sempre um perfeito alinhamento com o buraco do suporte da ocular (é dificílimo). 

Se você conseguir uma imagem assim, segurando a ocular longe do telescópio, significa que o espelho secundário deverá ser trazido para mais longe do primário, soltando-se o parafuso central do secundário e apertando-se os outros 3.

Caso não se consiga nenhuma imagem, significa que o secundário deve ser trazido para mais perto do primário.

Parece simples, não? Mas não é!

Então, boa sorte, e tenha muita calma e paciência. Se você conhecer alguém que tenha alguma experiência no assunto, é aconselhável convidar esta pessoa para te ajudar (mas ela vai te odiar).

Espero ter conseguido explicar de forma razoavelmente clara os procedimentos para a montagem de um Cassegrain. Gostaria de saber que este texto facilitou a vida de outros astrônomos amadores. Só isto terá justificado o tempo que investi para criar e digitar este texto.

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